Dos quadrinhos às séries de TV com atores reais e à animação, o universo satírico de super-heróis de " The Boys " conquistou diversas mídias e agora está prestes a entrar em território desconhecido: seu próprio videogame.
Baseada na série de quadrinhos de mesmo nome, a série de TV "The Boys" da Amazon está sendo adaptada para um jogo de realidade virtual de ação furtiva pelo estúdio brasileiro Arvore e publicado pela Sony Pictures Virtual Reality. Intitulado " The Boys: Trigger Warning ", o jogo tem lançamento previsto para 2026 e já está disponível para pré-venda por um preço promocional de US$ 23,99 na loja Meta Quest e para adicionar à lista de desejos na PlayStation Store.
De acordo com a descrição do jogo, “The Boys: Trigger Warning” “apresenta um personagem original que acidentalmente descobre um segredo grotesco da Vought, transformando um passeio em família em carnificina. Forçado a se tornar um Super, o jogador se junta aos The Boys para se infiltrar na Vought e se vingar da maneira mais caótica possível. Combinando furtividade e combate com o humor negro característico da franquia, o título de realidade virtual oferece uma nova história enraizada no universo que os fãs adoram.”
“Trigger Warning” foi criado em colaboração com Eric Kripke, criador e produtor executivo da série de TV “The Boys”, e contará com alguns membros do elenco original reprisando seus papéis, incluindo Laz Alonso como Mother's Milk, Colby Minifie como Ashley Barrett e PJ Byrne como Adam Bourke, além de Jensen Ackles aparecendo como uma “interpretação distorcida de Soldier Boy, criada exclusivamente para o jogo”, segundo os desenvolvedores.
Embora "The Boys" já tenha sido incorporado a outros videogames — o personagem Homelander, interpretado por Antony Starr, apareceu em "Mortal Kombat 1" —, este será o primeiro jogo totalmente baseado no universo de "The Boys".
“Nós nos dedicamos a tudo o que os fãs esperam de 'The Boys' e trabalhamos em estreita colaboração com os produtores da série para trazer esse tom para o jogo”, disse Ricardo Justus, CEO e fundador da Arvore, à Variety . “A violência característica da série parece ainda mais absurda e física aqui, porque a realidade virtual coloca você bem no meio dela. E além das interações superficiais, o jogo tem um forte elemento narrativo que coloca você na pele de alguém que realmente sofre as consequências das ações da Vought. Também incorporamos muita narrativa ambiental à experiência. Conforme você explora, encontra camadas de humor, comentários sociais e easter eggs visuais que ecoam a voz satírica da série. Esse mundo ganha ainda mais vida com muitos dos atores originais reprisando seus papéis, o que dá às cenas uma autenticidade e energia que os fãs reconhecerão imediatamente. A mistura de caos, tensão moral, humor negro e espetáculo é o que torna 'The Boys' única, e é exatamente isso que a torna tão divertida de adaptar para a realidade virtual.”
O diretor criativo Ricardo Laganaro afirmou que o processo colaborativo em “The Boys: Trigger Warning” “se tornou muito mais profundo do que esperávamos inicialmente”, em grande parte devido ao fato de o criador e produtor executivo da série “The Boys”, Eric Kripke, e sua equipe de roteiristas “terem estabelecido uma verdadeira parceria criativa” com o estúdio de jogos.
“Desde as primeiras discussões sobre a história, construímos uma relação de confiança que nos permitiu ir muito além do processo de aprovação típico em jogos licenciados”, disse Laganaro. “Eles não apenas analisaram ideias; ajudaram a moldar personagens e cenas conosco e até escreveram diálogos, o que fez com que a história realmente parecesse pertencer ao universo de 'The Boys'. Essa confiança também nos deu espaço para introduzir novos personagens e antagonistas originais de maneiras que ainda fossem fiéis ao mundo, e nos permitiu criar interações significativas com os personagens icônicos da série, sempre com a orientação dos roteiristas para manter cada momento autêntico. Além disso, eles compartilharam extensos materiais de design de produção da série, o que nos ajudou a dar vida a locais como a sala de conferências dos Sete e a Voughtland com grande precisão, ao mesmo tempo que davam aos fãs a liberdade de explorá-los de maneiras que só uma experiência de realidade virtual pode revelar.”
O anúncio de “The Boys: Trigger Warning” vem logo após a Amazon revelar a data de estreia da quinta e última temporada de “The Boys” para 8 de abril. Produzida pela Sony Pictures Television e Amazon MGM Studios, a franquia televisiva “The Boys” consiste na série principal, bem como nos spin-offs “Gen V”, “The Boys Presents: Diabolical”, o prelúdio “Vought Rising” e uma série ambientada no México, ainda em desenvolvimento.
“Estamos muito felizes em trabalhar com a Arvore para dar vida a 'The Boys: Trigger Warning' em realidade virtual”, disse Lance Sloane, vice-presidente sênior da Sony Pictures Entertainment. “Ter os criadores da série envolvidos na criação da experiência nos permite expandir os limites da narrativa imersiva, e somos gratos por colaborar com nossos amigos da Meta e da PlayStation para oferecer isso aos fãs.”
Assista ao trailer de “The Boys: Trigger Warning” no vídeo abaixo.
Veja abaixo mais detalhes da conversa da Variety com Ricardo Justus, da Arvore, e Ricardo Laganaro, diretor criativo de “Trigger Warning”.
Como surgiu a decisão de fazer o primeiro jogo da franquia "The Boys" em realidade virtual?
Justus: Há quase três anos, nós da Arvore estávamos experimentando diferentes protótipos que exploravam como permitir que os jogadores usassem superpoderes em realidade virtual de uma forma natural e que realmente transmitisse uma sensação de poder. Todos no estúdio são fãs de "The Boys", e quanto mais brincávamos com esses protótipos, mais claro ficava que o universo da série seria uma combinação ideal. "The Boys" mistura fantasia de poder com tensão e humor negro, e a realidade virtual te dá a chance de vivenciar tudo isso de dentro do caos. Não se trata apenas de assistir a um super-herói explodindo uma sala, mas de estar lá, com as mãos para cima, enquanto tudo dá errado.
Ao mesmo tempo, a Sony Pictures Virtual Reality já vinha explorando como levar algumas de suas maiores franquias para formatos imersivos, incluindo "The Boys", e a Arvore já havia sido identificada como uma forte parceira em potencial devido à nossa experiência em realidade virtual e visão criativa compartilhada. Assim que compartilhamos nossos protótipos com eles, ficou claro que nosso trabalho e a visão deles se encaixavam. Isso deu início a um processo altamente colaborativo e, ao longo de vários meses, refinamos o conceito em conjunto com a Sony, a Meta, a PlayStation e os produtores da série. O projeto nasceu dessa estreita colaboração.
Laganaro: O que nos empolgou desde o início foi a ideia de que superpoderes em realidade virtual poderiam ser realmente físicos, não simbólicos ou animados, mas algo que o jogador realiza com o próprio corpo. Isso imediatamente abriu uma porta narrativa para nós, e começamos a imaginar um mundo onde os poderes não fossem apenas efeitos visuais, mas ações que o jogador incorpora, com todo o caos e responsabilidade que isso acarreta. Então, antes mesmo de "The Boys" ser cogitado, já estávamos desenvolvendo uma paródia sombria e crítica da cultura dos super-heróis e, como não estávamos presos a nenhum universo existente, podíamos experimentar livremente em termos de tom, mecânica e narrativa. E, dentro desses primeiros protótipos, algo interessante aconteceu: várias pessoas da equipe disseram: "Isso parece que poderia existir em 'The Boys'". Então, quando finalmente mostramos à Sony Pictures Virtual Reality uma versão preliminar do que estávamos fazendo, a conexão foi imediata. O tom, a mecânica, a irreverência — tudo se alinhava com o DNA da série.
Qual foi o nível de influência dos produtores de "The Boys" e da Amazon sobre o conteúdo do jogo?
Justus: A colaboração com os produtores e o criador da série foi muito próxima, e eles estiveram diretamente envolvidos em todo o projeto. Eles confiaram em nós para construir algo ousado e, ao mesmo tempo, nos guiaram em relação ao tom, à autenticidade dos personagens e ao que realmente representava a essência de "The Boys". Nosso objetivo era contar uma nova história que se desenrolasse em paralelo aos eventos da série, misturando novos personagens criados para o jogo com os favoritos dos fãs. Desde o início, alinhamos com os produtores os principais pontos da história, como cada personagem se encaixaria na trama e o espírito geral dos poderes. Os roteiristas da série ajudaram a dar vida aos diálogos, trabalhando conosco para escrever e refinar muitas cenas, garantindo que cada personagem soasse fiel à série. Eles colaboraram diretamente com nossa equipe de design narrativo durante todo o projeto. Também nos deram espaço para apresentar ideias que fizessem sentido para a jogabilidade e intervieram sempre que algo precisava se manter ancorado à identidade da série. Tem sido uma parceria muito aberta e genuinamente gratificante.
Laganaro: A colaboração se tornou muito mais profunda do que esperávamos inicialmente, principalmente porque Eric Kripke e sua equipe de roteiristas abraçaram uma verdadeira parceria criativa. Desde as primeiras discussões sobre a história, construímos uma relação de confiança que nos permitiu ir muito além do processo típico de aprovação em jogos licenciados. Eles não apenas revisaram ideias; ajudaram a moldar personagens e cenas conosco e até escreveram diálogos, o que fez com que a história realmente parecesse pertencer ao universo de "The Boys". Essa confiança também nos deu espaço para introduzir novos personagens e antagonistas originais de maneiras que ainda fossem fiéis ao mundo, e nos permitiu criar interações significativas com os personagens icônicos da série, sempre com a orientação dos roteiristas para manter cada momento autêntico. Além disso, eles compartilharam extensos materiais de design de produção da série, o que nos ajudou a dar vida a locais como a sala de conferências dos Sete e a Voughtland com grande precisão, ao mesmo tempo em que davam aos fãs a liberdade de explorá-los de maneiras que só uma experiência de realidade virtual pode revelar.
O tom de "The Boys" é muito específico — satírico, violento, explícito, humorístico, instigante e político. Pode nos dar uma pista de como esse tom será capturado no jogo?
Justus: Nós nos entregamos a tudo que os fãs esperam de "The Boys" e trabalhamos em estreita colaboração com os produtores da série para trazer esse tom para o jogo. A violência característica da série parece ainda mais absurda e física aqui, porque a realidade virtual coloca você bem no meio da ação. E além das interações superficiais, o jogo tem um forte elemento narrativo que coloca você na pele de alguém que realmente sofre as consequências das ações da Vought. Também incorporamos muita narrativa ambiental à experiência. Conforme você explora, encontra camadas de humor, comentários sociais e easter eggs visuais que ecoam a voz satírica da série. Esse mundo ganha ainda mais vida com muitos dos atores originais reprisando seus papéis, o que dá às cenas uma autenticidade e energia que os fãs reconhecerão imediatamente. A mistura de caos, tensão moral, humor negro e espetáculo é o que torna "The Boys" único, e é exatamente isso que torna tão divertido adaptá-lo para a realidade virtual.
Laganaro: Uma das maneiras pelas quais trazemos o tom de "The Boys" para um videogame é garantindo que a sátira, a violência, os momentos explícitos e o humor negro não sejam apenas coisas que o jogador assiste, mas coisas que ele realmente faz. Se no cinema dizemos "mostre, não conte", no nosso caso se torna "jogue, não mostre". Então, se você está cercado por guardas em combate e seu poder é telecinese, a questão passa a ser: por que simplesmente atirar neles quando você pode arrancar um membro e usá-lo como munição improvisada? O mesmo vale para a presença. A realidade virtual nos permite colocar os jogadores em situações das quais eles não conseguem desviar o olhar, então, nos primeiros minutos do jogo, você testemunha um segredo grotesco sobre nossos antagonistas dentro da Vought de uma forma que te impacta visceralmente. E quando se trata da mistura característica de brutalidade e absurdo de "The Boys", nós até construímos um dos momentos mais violentos do jogo dentro de um brinquedo infantil e repleto de propaganda, inspirado em personagens que os fãs reconhecerão imediatamente da série. Nosso objetivo sempre foi capturar o tom não imitando a série, mas traduzindo seu espírito em ações que somente um jogo, e especialmente um jogo de realidade virtual, pode proporcionar.
Fonte: variety
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